Oto Livraria

Conheça um pouco de nossa história

um depoimento pessoal

Meu interesse pela arte partiu dos livros. Foi o encantamento pela tipografia, diagramação e ilustração, pelas artes do livro, que me despertou para a arte de forma mais ampla. Eu já tinha sido exposto à grande arte, pois tive a sorte de morar na Itália na adolescência, mas essa era uma arte inatingível. Me encantei por arqueologia e, desde antes, menino, pela numismática, de onde surgiu minha curiosidade por falsificações, mas o tema hoje são os livros.

Os negócios surgiram dentro de casa, como hobby, tornaram-se mais sérios quando adquiri minha primeira sala, em 2008, na qual pude organizar melhor meu acervo bibliográfico – eram já 4 mil livros – e ter mais espaço para ampliar e organizar as obras. As salas foram se multiplicando, o acervo crescendo, e em 2015 veio a galeria. Para ela, não levei os livros, mas a música me acompanhava, e em 2016 resolvi colocar um acervo de discos no mezanino – eram meus companheiros nas horas vagas. Esses discos, aliás, trouxeram clientes que com o tempo se despertaram para as artes e hoje são bons amigos.

Conforme a galeria se estabelecia – o começo não foi fácil – foi me dando uma vontade crescente de abarcar também os livros. Via que o negócio dos livros, no entanto, não andava bem, com uma quase extinção das livrarias de rua na cidade. Uma viagem a Buenos Aires, em 2017, no entanto, mexeu comigo de tal forma – pela quantidade e qualidade das livrarias, e a revolta de não ter nada do gênero na capital do país – que me deu o impulso necessário para montar o acervo da futura livraria.

Adquiri as lojas ao lado da galeria – que é alugada – e comecei uma grande reforma para instalar a livraria. Queria que ela ficasse em um espaço permanente, garantir sua existência enquanto não superasse o baque inicial pelo qual todo negócio do gênero passa. Me deparei, no entanto, com alguns problemas no prédio, antigo, e na reforma da fachada. O serralheiro que executaria os planos desenhados nunca surgiu, e veio a pandemia. Receoso pelo cenário, parei a obra, os planos da fachada descartados, e as lojas se tornaram depósitos. Resolvi então transformar a sala na qual estava o acervo de livros e discos na livraria – era uma sala ampla, com vista livre das árvores.

Nesse momento, surge também a parceria com Pedro Brandt, jornalista cultural, assessor de imprensa, apaixonado por música e quadrinhos. O acervo que temos de quadrinhos hoje, assim como os eventos, se deve ao seu empenho curatorial. Pedro hoje gerencia a livraria, e eu trabalho mais nos bastidores, negociando acervos, ajudando na logística e criando novas (e antigas) formas de divulgação, como esse site. Mas a história da livraria teve ainda outro capítulo: a sede atual.

Tive acesso, em 2021, a duas salas contíguas no subsolo do prédio da galeria. Inicialmente eles serviriam para desafogar as lojas e terminar a reforma ao lado da galeria. Uma inundação das salas, causada pelo entupimento das tubulações de uma laje que cobria a área de respiro, desencadeou novos planos. Resolvi então priorizar a reforma daquele espaço, as lojas foram completamente descascadas, integradas, a área de respiro refeita e, com projeto do meu amigo Danilo Matoso Macedo, amante também dos livros, inauguramos no final de 2022, sem alarde, o espaço. Montei o espaço com mobiliário anos 50/60 e estantes que havia desenhado para outro escritório, desenhei também um móvel para LPs que nos ajudou a organizar parte dos discos. Hoje temos um bom acervo de livros, raros e novos, de discos, LPs e CDs, e, além das atividades na livraria, organizamos também leilões periódicos.

Oto Reifschneider

Clientes que se tornam amigos

desde 2021

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